A inspiração bíblica da missão da Pastoral da Criança é também uma frase que a Dra. Zilda sempre repetia: “eu vim para que todas as crianças tenham vida e vida em abundância”, Jo 10, 10. Quem teve a feliz oportunidade de conviver com ela ouviu muitas vezes também sobre a importância da linda missão pela promoção e o desenvolvimento das crianças, gestantes e suas famílias.
Segundo o estatuto, nossa missão é promover o desenvolvimento das crianças, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, do ventre materno aos seis anos, por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na mística cristã que une fé e vida, contribuindo para que suas famílias e comunidades realizem sua própria transformação.
É por este motivo que a Pastoral da Criança atua em todo o Brasil, acompanhando mais 360 mil crianças, mais de 18 mil gestantes e suas famílias, zelando pelo cuidado desde o nascimento e durante toda a primeira infância. Para que isso aconteça, mais de 42 mil voluntários estão mobilizados, sendo 33 mil líderes. Juntos, eles levam a missão Pastoral da Criança para mais de 2.600 municípios ,em mais de 16 mil comunidades.*
Além disso, está presente em outros 11 países da América Latina, África e Ásia: Guiné-Bissau, Haiti, Peru, Filipinas, Moçambique, Bolívia, República Dominicana, Guatemala, Benin, Colômbia e Venezuela.
Nossa missão, desde 1983, é continuar sendo a presença do amor solidário de Deus neste mundo. Cada um de nós deve continuar o caminho de solidariedade, da partilha fraterna, da missão que nasce da fé em favor da vida, e que tem se multiplicado de comunidade em comunidade.
A presença dos líderes na casa e na vida das famílias mais pobres é a manifestação viva do amor de Deus para com os mais frágeis, para com aqueles que mais necessitam da bondade e do carinho de Deus. Por isso, eles são a grande força que move a Pastoral da Criança.
Juntos, os líderes e voluntários realizam muito mais do que as importantes ações básicas e complementares. São, na prática, o exercício diário da solidariedade, da amizade e do amor ao próximo. Na convivência com a comunidade, além da partilha de conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania, há doação de tempo, de escuta e a compreensão dos saberes dos outros, das diferenças e particularidades de cada local. Por vezes, os líderes e voluntários da Pastoral da Criança são os únicos que entram em casas de difícil acesso e constroem com as famílias uma relação de confiança que é levada para a vida toda. Em outros casos, chamam atenção das autoridades e fazem valer, junto com seus vizinhos, os direitos das crianças e gestantes daquela comunidade, ou para resolver uma situação de dificuldade.
Para melhorar ainda mais este trabalho, a Pastoral da Criança desenvolveu o aplicativo Visita Domiciliar e Nutrição, que, além de auxiliar nosso voluntariado no acompanhamento às famílias, também possui um módulo de comunicação entre os voluntários, as famílias acompanhadas, coordenadores e multiplicadores. Com isso, são mais pessoas recebendo a melhor e mais relevante informação possível e com celeridade.
Temos certeza que a dedicação dos voluntários da Pastoral da Criança ajuda a produzir no Brasil uma mudança de mentalidade sobre os cuidados com a criança. As comunidades descobriram a sua força transformadora. Milhares de pessoas se sentem valorizadas onde vivem, sabem dialogar, assumem compromissos para melhorar a realidade em que vivem, fazem história e contribuem para a continuidade da história e a construção de uma sociedade de paz e solidariedade.
“Para que todas as crianças tenham vida em abundância” (Cf. Jo 10, 10).
A missão da Pastoral da Criança é promover o desenvolvimento das crianças, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, do ventre materno aos seis anos, por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na mística cristã que une fé e vida, contribuindo para que suas famílias e comunidades realizem sua própria transformação.
No início da Pastoral da Criança, a desnutrição, a fome e a desidratação eram as principais causas de morte de crianças. Para reverter esse quadro adotou-se o uso do soro caseiro, essa receita simples utilizada pela Pastoral da Criança ao longo desses 40 anos, trouxe resultados excelentes.
Milhares de crianças foram recuperadas da diarreia e da desnutrição através do soro caseiro. O soro caseiro foi considerado pela revista científica Lancet e por muitos estudiosos como o avanço médico mais importante do século vinte.
É por isso que a Pastoral mantém a Campanha permanente do soro caseiro, que ainda salva vidas.
ENTREVISTA COM: Regina Reinaldin, Enfermeira da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança
Quais são os resultados alcançados com a campanha do soro caseiro ao longo do tempo?
Ao longo de 40 anos, as famílias acompanhadas pelos líderes voluntários da Pastoral da Criança receberam e recebem orientações de como preparar o soro em casa, com medidas de sal e açúcar. A Campanha do soro caseiro contou e conta com apoio da sociedade, empresas, governos e meios de comunicação.
O Unicef, Fundo da ONU para a Infância, disse que nenhuma outra inovação médica do século "teve o potencial de evitar tantas mortes em um curto período de tempo e custo tão pequeno".
Regina Reinaldin, Enfermeira da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança
Quando a criança apresenta esses sintomas, além de oferecer o soro caseiro, o que mais precisa fazer?
Levar a criança ao serviço de saúde para ser examinada. Se o bebê só mama no peito, deve-se insistir com a amamentação. Se ele já se alimenta, deve-se continuar oferecendo a alimentação normal. Os temperos e o azeite devem ser mantidos. Os líderes também entregam a colher-medida para as famílias poderem preparar o soro caseiro. Também, o hábito de lavar as mãos é muito importante. Ao fazer parte da rotina da família, o hábito de lavar as mãos previne muitas doenças. Atenção, ao vomitar ou ter diarreia, o bebê perde líquido e sais minerais do seu corpo, podendo ficar desidratado. Por isso, é muito importante o soro caseiro.
O que é preciso fazer para prevenir situações em que a criança deve receber o soro caseiro?
Cuidar da higiene da criança e da higiene no preparo dos alimentos; cuidar com o armazenamento dos alimentos, principalmente quando não se tem geladeira; olhar sempre o prazo de validade dos alimentos; ter cuidado ao consumir alimentos na rua, bares e restaurantes.
Programa de rádio Viva a Vida 1668 - 11/09/2023 - Campanha Soro Caseiro
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança. Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Além de dar o soro caseiro, que outros cuidados são necessários para cuidar de uma criança com desidratação?
Reforçando: continuar com a alimentação da criança, beber água potável, seguir as orientações do Serviço de Saúde.
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.
Os líderes da Pastoral da Criança quando visitam as famílias, além de orientar os pais sobre como preparar o soro caseiro para evitar a desidratação, ensinam também como oferecê-lo à criança e quando a criança não quer tomar o soro caseiro, precisamos insistir.
Dra. Zilda
“Vamos visitar para partilhar a solidariedade e o conhecimento que todas as líderes têm de como cuidar melhor das gestantes e das crianças para se desenvolverem com saúde”.
Papa Francisco
“Agentes pastorais realizam uma tarefa imensa acompanhando e promovendo os excluídos em todo o mundo, ao lado de cooperativas, dando impulso a empreendimentos, construindo casas, trabalhando abnegadamente nas áreas da saúde, desporto e educação”.
Existem muitas versões sobre a origem desse dia, uma delas sugere que tenha sido criado na Babilônia antiga, há mais de 4 mil anos, pelo filho do rei Nabucodonosor, que teria moldado uma espécie de cartão de argila desejando sorte ao seu pai.
Outra versão diz que a data surgiu nos Estados Unidos em 1909 por Sonora Louise, após ouvir um sermão em homenagem às mães. Ela quis homenagear o seu pai, um veterano de guerra e criou uma data para isso. A tradição aqui no Brasil, começou em 1953, quando o publicitário Sylvio Bhering, do jornal O Globo quis criar uma data comercial para atrair anunciantes. Na época, ele utilizou o dia 16 de agosto, o dia de São Joaquim (pai de Maria e avô de Jesus).
Portanto, o Dia dos Pais é celebrado em datas diferentes pelo mundo, mas o carinho por nossos heróis do lar é o mesmo em todos os lugares.
Paulo César Gomes, teólogo e advogado: Campo Largo, Paraná
ENTREVISTA COM: Paulo César Gomes, teólogo e advogado: Campo Largo, Paraná
Quais são os maiores desafios e alegrias de um pai nos dias de hoje?
Temos um grande desafio no mundo conectado, que é usado para dominar as mentes, fazer a cabeça das crianças, das pessoas. Eu já testemunhei crianças de três, quatro anos de idade usando celular no almoço em família. Os pais tentam tirar, mas acabam cedendo para as crianças ficarem mais sossegadas. A gente sabe da falta de diálogo e responsabilidades. E as alegrias são muitas, elas acontecem nas atividades lúdicas, nos momentos de diálogo dos pais com os filhos, onde eles recebem uma formação participativa, integral e as crianças ficam felizes podendo ter formação religiosa, passear, brincar, fazer várias atividades em conjunto. Isso traz alegria para os pais.
Programa de rádio Viva a Vida 1663 - 07/08/2023 - Dia dos Pais
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança. Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Como ser pai em meio a um mundo tão complexo?
O pai deve buscar a comunhão em família, ter diálogo, ser participativo com os filhos nas brincadeiras, passeios na natureza, com a comunidade escolar, com a comunidade religiosa. Mostrar também como este mundo está sendo destruído, quantas coisas estão acontecendo que prejudicam a natureza, prejudicam o planeta. Nós não podemos ficar isolados, temos que ser participativos e responsáveis por um mundo melhor. E isso nós temos que começar em nossa casa com os nossos filhos, com a nossa família e com aquilo que está ao nosso redor.
O que dizer aos pais que não têm muita paciência com os filhos?
Creio que antes dos pais perderem a paciência é preciso diálogo, brincar com seus filhos, acompanhá-los na escola, conhecer quem são seus amigos, como está acontecendo seu dia a dia. Esse é o primeiro passo. O pai tem a responsabilidade de apresentar o caminho correto. Precisa ouvir com muita atenção os seus filhos, ter diálogo e, principalmente, ter esse tempo de qualidade na família, buscando espaços e outros caminhos que vão ajudar cada vez mais a família a se encontrar e vivenciar o amor, a tranquilidade e a paz, mostrar que se amam de verdade.
Maria Lúcia da Silva, da equipe técnica do “Projeto Inovação”, da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança
ENTREVISTA COM: Maria Lúcia da Silva, da equipe técnica do “Projeto Inovação”, da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.
Qual é a influência do pai na formação dos filhos para um desenvolvimento integral?
Os pais são os primeiros agentes transformadores, as primeiras pessoas responsáveis pela socialização de um filho. Por isso, o pai (mãe) tem a incumbência de apresentar para os filhos as pessoas, a comunidade, os grupos com os quais ele vai conviver, dando à eles o suporte necessário para que eles possam compreender a dinâmica de comunicação e interação com todas as pessoas, nas relações sociais com o outro, na escola, na igreja, na comunidade. O pai (mãe) é o responsável para que isso aconteça na vida dos filhos. A gente sabe que o Dia dos Pais é uma data comemorativa, mas para várias pessoas não é uma data feliz.
Por que?
Porque existem aqueles pais que já não se encontram mais aqui na terra, partiram para outra vida, fica aquela saudade. Existem aqueles filhos que não conhecem os pais, sequer têm o seu nome na sua certidão de nascimento. Existem também aqueles filhos que têm os pais totalmente ausentes. Então, é uma data comemorativa que muitas vezes que não traz uma boa lembrança, não traz alegria.
“Promover sociedades pacíficas e inclusivas par ao desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.”
A Pastoral da Criança parabeniza todos os pais que, com coragem, escolheram assumir essa nobre missão da paternidade e mostrar ao mundo, por meio da sua dedicação, um pequeno reflexo da grandeza, da beleza e do amor de nosso Deus que também é Pai.
Dra. Zilda
“As crianças quando são bem cuidadas, são sementes de paz e esperança”.
Papa Francisco
“A Igreja, portanto, está empenhada em apoiar com todas as suas forças a presença generosa dos pais nas famílias, porque eles são para as novas gerações custódios e mediadores insubstituíveis da fé na bondade, na justiça e na proteção de Deus, como São José.”
São muito as dificuldades deste público, tanto para usar o serviço de saúde, quanto de educação e moradia. Também, na maioria das vezes, acabam dormindo na rua, porque as casas de acolhimento estão cheias.
A diversidade nas escolas remete a proposta de inclusão de alunos, de diferentes culturas, idiomas e valores, para convivência e interação na esfera educativa. No Brasil, aumenta cada vez mais a quantidade de estudantes imigrantes e refugiados.
É por isso que a Pastoral da Criança trabalha em ações a fim de inserir esses imigrantes, pois é importante que a instituição tenha uma gestão de acolhimento preparada.
ENTREVISTA COM: Padre Alfredo José Gonçalves, missionário escalabriniano, cujo Carisma é trabalhar pelas migrações e pelos refugiados. Padre Alfredo é vice-presidente do Serviço Pastoral dos Migrantes, ligado à CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
De onde vêm e qual é a situação das famílias imigrantes que chegam atualmente ao Brasil?
As famílias que mais estão chegando agora vêm da Venezuela, vêm de Angola, por exemplo. Do Haiti, continua chegando. Chegam afegãos e de outros países da África, especialmente do Senegal. Todas essas famílias vêm muito quebradas. As pessoas deixam o seu país, mas não sabem exatamente onde vão se enraizar. Normalmente, começam bater em várias portas. Se a gente vê o caso dos venezuelanos e dos haitianos, eles batem em vários países, eles ultrapassam várias fronteiras e, normalmente, não encontram um lugar estável.
Isso tem a ver com o trabalho. Em séculos passados com as migrações históricas, migrações e trabalho andavam de mãos dadas. As pessoas migravam porque já tinham alguém que lhes dava trabalho, uma terra onde poderiam viver, como é o caso dos italianos no sul, dos alemães, dos poloneses, etc. Hoje, não é assim. As pessoas migram sem nenhuma possibilidade de trabalho e muitas não conseguem trabalhar naquela área para a qual se prepararam. Então, nós vemos muitos estudantes, por exemplo, já formados que chegam aqui e não podem revalidar o seu diploma e, portanto, não podem trabalhar naquele ramo para o qual se prepararam. Isso compromete muito a situação e a segurança das famílias: segurança alimentar, segurança na saúde, segurança na moradia, no trabalho. Normalmente, são pessoas que enfrentam uma série de dificuldades.
Como é a saúde mental e emocional dessas pessoas que precisam abandonar a sua pátria pelos mais diversos motivos?
Cada vez mais a gente vem recebendo pessoas que chegam transtornadas. Cada vez mais são requisitados os serviços de assistência psiquiátrica, psicológica. Cada vez mais as pessoas estão desorientadas, perderam suas referências essenciais e, chegando aqui, às vezes, sozinhas, estão completamente transtornadas e precisam de uma acolhida muito especial para conseguir ir para frente, para conseguir realmente se virar na vida, não é? Então, a saúde mental é cada vez mais um problema para aqueles que estão recebendo imigrantes nas casas de migrantes. A gente recebe gente que realmente está perdida, está completamente fora de órbita, como se diz, e perdeu completamente as referências essenciais.
Quais são as principais dificuldades enfrentadas pelos imigrantes no Brasil?
Programa de rádio Viva a Vida 1661 - 24/07/2023 - Famílias de imigrantes: como acolher
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança. Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Muitas dificuldades para usar o serviço de saúde, de educação, de moradia, etc. e também, normalmente, acabam dormindo muitas vezes na rua, porque as casas estão cheias. Às vezes, eles não têm como se inserirem no mercado de trabalho. Ou então, se inserem num grau muito inferior àquele para o qual se prepararam. Enfim, as migrações, hoje, constituem um fenômeno muito mais precário do que décadas atrás.
Na sua opinião, o que é preciso ser feito para mudar essa situação?
Eu creio que o mais importante hoje é não só a acolhida, não só o coração aberto, a casa aberta, a paróquia, as instituições abertas, mas também a pressão de todos aqueles que defendem os direitos humanos dos migrantes no sentido de conseguir políticas públicas voltadas especificamente para os migrantes: políticas públicas de acolhida, de inserção de trabalho, de tradução dos diplomas de outras línguas para o português, para que os imigrantes possam utilizar a sua profissão e a sua formação profissional. Também, por exemplo, a prova para a requisição da cidadania de permanência que seja feita não por escrito, mas oral. Muitos migrantes se comunicam bem oralmente, mas quando se pede uma prova escrita têm muitas dificuldades. Então, o que é mais importante, eu penso, é que se crie um setor de Políticas Públicas voltado para os imigrantes, não com a perspectiva da segurança nacional, como é em geral as políticas públicas de todos os países, e sim na perspectiva dos direitos humanos, da defesa dos direitos humanos. Isso é o mais importante para aqueles que estão fora da sua pátria. Que eles se sintam cidadãos em qualquer lugar onde chegam e que possam usufruir do novo recomeço, recomeçar sua vida que isso é a parte mais difícil, mais importante que eles necessitam.
ENTREVISTA COM: Elias De Nardi, Coordenador Diocesano da Pastoral do Migrante da Diocese de Chapecó, Santa Catarina
Que tipos de acompanhamentos as crianças imigrantes recebem?
São muitos acompanhamentos. Quer dizer, o acompanhamento da Pastoral da Criança é um acompanhamento, as secretarias de educação, de saúde. Aí vai depender também de cada cidade, de cada lugar onde elas chegam, lá vão ter mais ou menos acompanhamentos, dependendo da estrutura, porque não são só as crianças imigrantes que sofrem, mas também as crianças brasileiras. A gente sabe que muitas também não têm acesso a uma vida digna aqui no nosso país. Mas sim, têm muitas instituições ou várias, podemos dizer, que se preocupam com elas e que buscam dar um apoio aos seus familiares e, principalmente, às crianças.
Em que condições chegam e como vivem as gestantes imigrantes que vêm ao Brasil?
A migração em si é um drama quando é algo não voluntário. E geralmente o migrar não é algo voluntário. As pessoas saem dos seus países, do seu lugar onde nasceram porque não encontram trabalho, não encontram saúde e educação. E para as gestantes é um drama um pouco maior ainda, porque elas já vêm com uma vida gerada geralmente no seu país e saem em busca de algo para elas e para seu filho. E o nascer é um direito. Então, buscar esse direito em outro país é um drama, como podemos dizer assim. Então, a situação dessas pessoas, claro, é bem mais delicada, tendo em vista que são duas vidas que estão cruzando uma fronteira: uma para nascer e a outra para sobreviver, buscando sobreviver em outro país.
"Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis."
Os líderes comunitários, sensíveis ao sofrimento humano, procuram ser uma presença acolhedora e solidária junto aos imigrantes, principalmente junto às famílias, crianças e gestantes.
Dra. Zilda
“O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece-se o tecido que sustenta a ação e cada um sente que é uma célula de transformação do país”.
Papa Francisco
“Trabalhamos para que toda a migração possa ser fruto de uma escolha livre, somos chamados a ter o maior respeito pela dignidade de cada migrante, construindo pontes e não muros.”
O mês de agosto é conhecido como “Agosto Dourado”, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que simboliza a luta pelo incentivo à prática da amamentação. A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno.
E na primeira semana de agosto acontece a Semana Mundial de Aleitamento Materno, que neste ano tem como foco a amamentação e o emprego/trabalho. Com o slogan “Apoie a amamentação: faça a diferença para mães e pais que trabalham”, o intuito é mostrar o impacto da licença remunerada, do apoio no local de trabalho e de outros aspectos sobre o aleitamento materno.
Entrevista com: Viviane Matos, Nutricionista infantil e Membro da ONG Prematuridade.com - São Paulo - SP
Por que é importante manter a amamentação mesmo depois da mulher trabalhadora voltar ao trabalho?
Nós já sabemos a importância do aleitamento materno para a saúde da mãe e do bebê. Para a mãe, recuperação mais rápida no pós-parto, proteção contra o câncer de mama, dentre outros. Já o bebê recebe todos os benefícios da composição nutricional e imunológica do leite materno: fortalecimento da imunidade, melhor crescimento e desenvolvimento global e, principalmente, cognitivo, proteção contra anemia, desnutrição, obesidade, diabetes e outras doenças. Por esse motivo, a OMS recomenda que o aleitamento materno seja exclusivo nos primeiros 6 meses de vida e seja mantido até os 2 anos, pelo menos. Garantir que a mulher consiga amamentar na volta ao trabalho significa garantir também todos esses benefícios à saúde materno-infantil.
Programa de rádio Viva a Vida 1662 - 31/07/2023 - Semana da Amamentação
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança. Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Quais são as principais barreiras ao aleitamento materno para a mulher trabalhadora?
De uma forma geral, acredito que seja a falta de uma rede de apoio que ajude a mulher nessa conciliação entre maternidade e vida profissional, tanto no que se refere aos direitos da mãe que trabalha quanto aos cuidados com o bebê durante o tempo em que a mãe está trabalhando. No entanto, é importante pontuar que o tempo de licença maternidade é de 120 dias, ou seja, 4 meses, o que já contrapõe a recomendação da OMS de manter o aleitamento materno de forma exclusiva nos primeiros 6 meses de vida. É difícil manter a amamentação em livre demanda quando a mãe não está 24 horas com o bebê. Então, talvez, essa seja a principal barreira ao aleitamento para a mãe que trabalha.
Como manter o aleitamento materno após o retorno ao trabalho?
Considerando que a mãe não estará presente o tempo todo, é necessário ter toda uma organização que favoreça a oferta de leite materno mesmo na ausência da mãe. Isso significa que a mãe terá que deixar um estoque de leite materno ordenhado a ser oferecido pelos cuidadores para alimentar o bebê nesse tempo em que a mãe esteja trabalhando. Além disso, é muito importante que a mãe ordenhe durante o expediente de trabalho, pois a ordenha é fundamental na manutenção da produção láctea. A mãe tem direito a dois intervalos de 30 minutos para a amamentação, até que o bebê complete 6 meses de vida. Essa é a licença de amamentação que citei anteriormente. Por isso, uma das pautas da campanha deste ano é a criação de salas de apoio à amamentação, para que essas mães possam utilizar esse tempo para amamentar o seu bebê ou realizar a ordenha de leite em um lugar adequado.
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.”
A Pastoral da Criança, por meio do trabalho dos líderes comunitários, continua divulgando e orientando às mães de que o bebê deve ser alimentado somente com leite materno e no peito até os seis meses de vida.
Amamentar é um gesto de amor e de responsabilidade.
Dra. Zilda
“O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece-se o tecido que sustenta a ação e cada um sente que é uma célula de transformação do país”.
Papa Francisco
‘’Amamentam, não tenham medo, alimentem-os porque isso também é linguagem de amor".
Muitos são os desafios no desenvolvimento integral das crianças, é preciso garantir políticas públicas de qualidade para favorecer o desenvolvimento harmonioso, sadio e digno de todas as crianças.
No Estatuto da Criança e Adolescente já diz que: cuidar da infância é dever de todos! Logo afirma que, além da família, todos somos responsáveis pelo processo de educação de uma criança, ao longo de seu desenvolvimento, é importante entender que o que é vivenciado pela criança interfere na sua relação com a comunidade onde vive, em sua educação e no seu desenvolvimento.
Nenhuma criança aprende e se desenvolve somente a partir dos valores da sua família, pois precisa do apoio de toda a comunidade, uma vez que a comunidade inteira é corresponsável pelo bem-estar e desenvolvimento integral de cada criança. Toda criança precisa ser educada em sua totalidade, dentro do ambiente cultural, nos valores, atitudes e responsabilidades de todos.
Quer saber sobre a participação das famílias e comunidades para o desenvolvimento integral? Acesse o site da pastoral da criança e baixe o App Pastoral + gestante.
Entrevista com: Gineide Castro, especialista em neuroeducação, articuladora do Programa Prefeito Amigo da Criança do município de Arapiraca, estado de Alagoas.
Gineide Castro, especialista em neuroeducação, articuladora do Programa Prefeito Amigo da Criança do município de Arapiraca, estado de Alagoas.
Existe um provérbio africano que diz: “É preciso uma aldeia para se educar uma criança”. Partindo desse provérbio, o que a senhora poderia dizer sobre o papel da comunidade no desenvolvimento de uma criança
Quando a gente pega esse provérbio a gente lembra que a criança não é somente responsabilidade da família, ela é responsabilidade da sociedade, de toda uma comunidade da qual ela faz parte, então, todos são corresponsáveis pela educação, pelo crescimento e desenvolvimento dessa criança. A gente precisa olhar para criança como cidadã de direitos e que todos nós temos a responsabilidade de protegê-la, de preservar essa criança de violência, de negligência e de maus-tratos. Ela é uma cidadã de direitos e o futuro dela é pauta de todos da sociedade.
Qual é o papel da família no desenvolvimento integral de suas crianças?
O papel da família é cuidar e proteger, lembrando que cuidar, proteger e educar são ações indissociáveis. À medida que você cuida, você protege. Então, é importante que a família compreenda que a criança precisa de cuidados integrais e precisa de ter suas necessidades atendidas. É o exemplo de uma criança que está chorando, ela pode estar com alguma necessidade, tipo fome, dor ou sono, mas a necessidade pode ser somente de atenção do colo da mãe, do colo do pai, do colo do adulto cuidador. O olhar integral para a necessidade da criança provê de fato o que ela precisa para o seu pleno desenvolvimento, sempre lembrando que cuidar, educar, proteger são ações que estão interligadas e que são indissociáveis.
Como a rede de apoio comunitária pode colaborar no dia a dia com a família?
Programa de rádio Viva a Vida 1660 - 17/07/2023 - A participação das famílias e comunidades para o desenvolvimento
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança. Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
Quando a gente trata da rede de apoio comunitária, a gente lembra da primeira questão, que é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Se nós temos uma rede de apoio comunitária, pressupõe dizer que essa rede está atenta a todo esse ambiente de desenvolvimento e crescimento da criança. E é importante que a gente lembre que as comunidades têm suas tradições, têm a sua forma de viver e se comunicar e quando a rede de apoio comunitária funciona a gente tem um ambiente saudável de desenvolvimento de nossas crianças. A rede de apoio comunitária pode estar orientando as famílias, observando nessa comunidade qual é a maior incidência, por exemplo, de doença da primeira infância, ou quais são as maiores dificuldades que as famílias enfrentam aqui e juntas buscarem soluções para melhorar a qualidade de vida das famílias e consequentemente das crianças.
Maria José Martiniano, Coordenadora Estadual da Pastoral da Criança do estado de Alagoas e membro da Equipe Técnica
Entrevista com: Maria José Martiniano, Coordenadora Estadual da Pastoral da Criança do estado de Alagoas e membro da Equipe Técnica
A Dra. Zilda Arns Neumann dizia que os líderes da Pastoral da Criança têm a tarefa de ajudar a organizar a comunidade para que ela possa caminhar com as próprias pernas. Como é feito concretamente esse trabalho de organização e fortalecimento da comunidade?
Somando esforços e articulando o trabalho em rede com as entidades que lutam em prol das gestantes e crianças, multiplicando o saber, o conhecimento das famílias e toda comunidade; multiplicando a solidariedade e a caridade que fazem parte dessa missão; nas parcerias com universidades; envolvendo toda sociedade, o poder público e privado, através da participação nos conselhos, no controle social, nas políticas públicas, na luta pelos direitos da criança, na educação, saúde e cidadania.
Qual é a importância de ajudar a criar e participar de uma rede de apoio?
Há quase 40 anos a Pastoral da Criança foi criada e até hoje é de grande importância na vida das famílias e dos próprios líderes que participam dessa rede de solidariedade e caridade, na qual todos podem ajudar por meio de ações concretas e mobilização da comunidade na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e com garantia de vida plena para crianças, gestantes e famílias pobres.
Qual é a importância do Aplicativo da Pastoral da Criança como rede de apoio virtual?
O Aplicativo da Pastoral da Criança tem sido rede de apoio virtual para os líderes e famílias, pois, através dessa rede, capacitamos novos líderes, atualizamos os líderes ativos e compartilhamos o mesmo para famílias acompanhadas. É um instrumento básico de comunicação e formação contínua para os líderes e toda sociedade que tem interesses em comuns, desde sua criação tem sido uma rede de apoio valiosa que enriquece o conhecimento dos usuários com conteúdos atualizados. É a nova “CASA ABERTA”.
"Paz, justiça e instituições eficazes: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis."
A Pastoral da Criança criou o app Pastoral da Criança + Gestante para contribuir no acompanhamento e desenvolvimento das crianças e gestantes, auxiliando os líderes voluntários da associação.
Dra. Zilda
“A Pastoral da Criança tem essa missão de ser fermento na massa, para levar esse país para frente, onde todos tenham seus direitos garantidos e cumpram os seus deveres”.
Papa Francisco
“Promover a cultura da família e da vida na sociedade, para que surjam propostas e objetivos úteis às políticas públicas”, bem como “harmonizar e apoiar, uma vez identificadas, as propostas apresentadas, para que o serviço à família seja enriquecido e sustentado em seus aspectos espiritual, pastoral, cultural, jurídico, político, econômico e social”.