“Vamos caminhar com esperança / Somos a Pastoral da Criança”. O refrão do canto-tema do Jubileu da Esperança foi, talvez, a frase mais repetida ao longo do fim de semana que reuniu mais de 2 mil peregrinos de todo o Brasil, no Paraná, nos dias 6 e 7 de dezembro. Composta especialmente para o Jubileu pelo músico Gilson Ferreira, a canção acompanhou diferentes momentos da programação e encontrou seu significado mais simbólico no encerramento do encontro.
Fechando a programação do Jubileu da Esperança, a Celebração Eucarística na Catedral Basílica Menor de Curitiba reservou para os minutos finais uma cena que ficará guardada na memória dos participantes: as lanternas dos celulares acesas, iluminando o templo, enquanto peregrinos de todas as regiões do país cantavam, em uma só voz, o refrão que marcou o fim de semana.
A Celebração, que lotou a Catedral, foi presidida pelo Arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo. Ao final da homilia, Dom Peruzzo se emocionou ao definir a Pastoral da Criança como uma das principais formas de a Igreja exercer a evangélica opção pelos pobres.
“A Pastoral da Criança é uma das melhores linguagens da Igreja do Brasil para dizer que ama os pobres. Se Deus perguntasse aos bispos o que fazemos para os pobres, diríamos: temos a Pastoral da Criança, que nos ajuda”, concluiu.
Antes desse momento final, os peregrinos haviam vivido a caminhada jubilar pelas ruas de Curitiba. A peregrinação percorreu mais de três quilômetros, saindo do Museu da Vida, onde está localizada a Sede Nacional da Pastoral da Criança, até a Catedral. Ao longo do trajeto, os participantes alternaram momentos de oração e adoração com cânticos e animação, expressando publicamente a fé e a alegria de caminhar juntos.
A vivência comunitária do Jubileu da Esperança, no entanto, começou ainda no sábado (06/12), no Museu da Vida, quando a maioria das caravanas chegou a Curitiba. Já durante a manhã, a programação contou com apresentações de dança e teatro, além das oficinas formativas, que lotaram as salas.

Moradora de Colombo, na Arquidiocese de Curitiba, Rosimaria Alves de Souza aprovou o formato das atividades. “Estou achando as oficinas muito boas. Gostei que podemos começar fazendo uma, depois outra, escolhendo à vontade. Vou conseguir fazer todas”, comentou.
As oficinas abordaram temas centrais da missão da Pastoral da Criança e do cotidiano dos líderes voluntários. A oficina “Cuidar de Si, Cuidar do Outro” tratou do acolhimento e da comunicação não violenta; “Carrinho Saudável” trouxe orientações sobre leitura de rótulos e alimentação saudável; e “Do Celular à Missão” apresentou dicas práticas sobre produção de conteúdo e postagens da Pastoral da Criança nas redes sociais. Durante todo o sábado, também esteve disponível a Tenda dos Paulinhos, espaço de atendimento da equipe responsável pelo aplicativo da Pastoral, que orientou líderes e esclareceu dúvidas ao longo do dia.

Após a programação da manhã, a tarde de sábado começou com a acolhida oficial das caravanas e o aguardado discurso do presidente da Pastoral da Criança, Dom Frei Severino Clasen. Em sua fala, ele lembrou a importância do cuidado com a criança durante a primeira infância — da gestação aos seis anos de idade — e destacou o papel decisivo da Pastoral nesse período fundamental da vida.
“Ouve-se muito por aí que estamos perdendo uma geração de jovens porque falta cuidado nas suas raízes: da gestação aos seis anos de idade. Se nós tivermos a consciência da importância e da grandeza da missão da Pastoral da Criança, recuperaremos as futuras gerações”.
Dom Frei Severino Clasen também ressaltou que o cuidado com as crianças, especialmente as mais vulneráveis, não é apenas uma ação social, mas uma opção fundamental do Evangelho. Ao recordar o lugar central das crianças na mensagem cristã, reforçou que acompanhar gestantes, famílias e pequenos é assumir, na prática, aquilo que Jesus ensinou: a defesa da vida, da dignidade e daqueles que mais precisam de cuidado e proteção.
“Vocês trabalham com os mais queridos de Deus. E Deus se alegra quando nós nos ocupamos pelas criaturas especiais Dele, que são as gestantes, a família e os pequenos, as crianças. Não deixemos Deus cobrar de nós depois porque não cuidamos dos preferidos Dele. Daqueles que Ele mais ama. Porque delas é o Reino dos Céus!”

O Jubileu da Esperança também contou com a presença do Arcebispo de Uberaba (MG), Dom Paulo Mendes Peixoto, que destacou a importância da atuação da Pastoral da Criança junto às famílias em um contexto de rápidas transformações culturais. Para ele, o contato direto com as famílias e com quem forma as novas gerações é essencial para preservar a sensibilidade humana em um mundo cada vez mais marcado pela tecnologia.
“A Pastoral da Criança está em contato com as famílias, com os formadores das pessoas, que são aqueles que precisam criar sensibilidade com as crianças, com os jovens. Estamos em um momento de mudança muito rápida de cultura, principalmente com a inteligência artificial que, como diz o papa, não tem coração”.
A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Maria Inês Monteiro de Freitas, lembrou as mais de quatro décadas de atuação da instituição e agradeceu o esforço dos mais de 20 mil líderes voluntários que realizam a missão nos quatro cantos do Brasil.
“Gratidão pela missão que vocês [líderes] realizam. Missão que é seguir o projeto de Jesus Cristo. Além de celebrarmos o Jubileu de Jesus, também celebramos 42 anos de missão. E cada um de vocês faz parte. Foram as mãos, os pés e os corações de vocês que fizeram com que essa missão acontecesse”.
Durante seu discurso, o coordenador nacional adjunto, padre José Edilson da Silva, destacou que a fonte de renovação da Pastoral da Criança se manifesta de forma concreta na comunhão entre os voluntários de todo o país, que se fortalecem mutuamente ao caminhar juntos.
“Me veio à memória a necessidade de ir à fonte para beber da água viva. Essa fonte que nos revigora, que nos fortalece, é justamente dessa comunhão, na qual toda a Pastoral, do Brasil inteiro, está representada em cada um de vocês”.

Após a acolhida oficial, a programação da tarde seguiu com novas atividades nas oficinas, atendimento na Tenda dos Paulinhos e apresentações musicais. Os shows de Gilson Ferreira e dos ministérios Missão e Canção e Missão 27, que se apresentaram voluntariamente, animaram os peregrinos e reforçaram o clima de celebração e unidade.
Ao longo de todo o dia, os líderes demonstraram sua fé e o orgulho de fazer parte da missão da Pastoral da Criança. Maria das Dores Lopes, líder na Diocese de Caratinga (MG), contou que a Pastoral abriu seus olhos para a realidade de outras famílias.
“Antes de eu entrar na Pastoral da Criança, eu achava que estava ficando depressiva. Quando eu vi a realidade das mulheres no morro, aquilo me tocou. Voltei a valorizar tudo o que eu tinha e decidi ajudar outras pessoas”.

Já Maria José, coordenadora da Diocese de Limeira-SP, encontrou uma forma diferente de expressar seu amor pela Pastoral da Criança, eternizado em sua pele, em forma de tatuagem. “Eu sempre amei o símbolo da Pastoral da Criança. Eu nunca gostei de tatuagem, mas eu tenho a Pastoral da Criança no coração, então resolvi tatuar. A Pastoral da Criança transformou a minha vida”, contou.
Conheça o canto-tema do Jubileu da Esperança da Pastoral da Criança
A música composta por Gilson Ferreira acompanhou toda a programação do Jubileu e marcou o encerramento da Celebração Eucarística.