Férias com equilíbrio

As férias costumam ser um dos períodos do ano mais aguardados pelas crianças e pelas famílias, por oferecerem mais tempo livre para descansar, brincar e recarregar as energias. É uma época que contribui para “aliviar o estresse causado pela rotina dos estudos, das tarefas e das demais atividades vinculadas ao ambiente escolar”, como explica a psicóloga Heloísa da Silva Baggio, da Pastoral da Criança.

Por outro lado, para muitas famílias, o período que deveria ser de relaxamento pode se transformar em estresse. A falta de rotina em casa, a dificuldade de conciliar o trabalho com o cuidado das crianças ou a necessidade de equilibrar as tarefas domésticas com a atenção aos filhos ao longo do dia são alguns dos desafios mais comuns.

No Programa Viva a Vida desta semana, abordamos esse tema e apresentamos orientações para ajudar as famílias a organizar a rotina e garantir que as férias sejam um tempo leve, equilibrado e divertido para todos.

Entrevista com Heloísa da Silva Baggio, psicóloga da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.

Como equilibrar o tempo da criança junto com a família e o tempo da criança com ela mesma?

É importante dividir o tempo entre as atividades em família e os momentos individuais, pois ambos são essenciais. Quando falamos do tempo com a família, estamos falando do fortalecimento dos vínculos, do sentimento de pertencimento da criança à sua família, à sua cultura e ao seu espaço. Esse convívio também é um momento de ensinar valores sociais.

Já o tempo a sós contribui para o desenvolvimento da autonomia, da criatividade, do autoconhecimento e da construção da identidade da criança. Para equilibrar esses momentos, o planejamento pode ser uma boa alternativa. Por exemplo: reservar um período da manhã para atividades como pintura ou leitura, que podem ser realizadas de forma mais individual, e, à tarde, promover momentos em família, com brincadeiras ao ar livre, passeios ou outras atividades conjuntas.

Como evitar a sobrecarga de responsabilidades com as crianças para um único cuidador?

Quando falamos de sobrecarga, a divisão de responsabilidades é fundamental, especialmente considerando o estresse parental e o impacto que isso pode ter no bem-estar das crianças e da família como um todo. Para isso, o planejamento e o diálogo são essenciais.

É importante conversar sobre as tarefas do dia a dia e distribuí-las de forma equilibrada. Por exemplo: uma pessoa pode ficar responsável por acordar as crianças e preparar o café, enquanto a outra cuida da alimentação, da organização ou da louça. Dessa forma, ninguém fica sobrecarregado e todos conseguem exercer a função parental. Sempre que possível, contar com uma rede de apoio também é muito importante para auxiliar nessas demandas.

Como podemos transformar as férias em um período de reconexão, de criação de vínculos entre pais, filhos e cuidadores?

O principal ponto é a presença. Estar realmente presente, envolvido de verdade nos momentos com a criança. Isso significa desconectar um pouco das tecnologias e se reconectar com a conversa, as risadas e as brincadeiras. Prestar atenção no que a criança está dizendo e demonstrar interesse genuíno.

Criar pequenos rituais em família também ajuda muito, como o “dia do confeiteiro”, para preparar uma receita juntos; uma noite de jogos, com brincadeiras de mímica ou desenhos; ou ainda uma noite de filmes. São atividades simples, mas que envolvem toda a família e favorecem a conexão, a troca e o fortalecimento dos vínculos afetivos.

Entrevista com Priscila do Rocio Costa, pedagoga da área de desenvolvimento infantil da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.

Quando a mãe e o pai trabalham fora, como é possível organizar as férias das crianças?

Organizar as férias quando ambos os responsáveis trabalham exige planejamento antecipado. Algumas possibilidades incluem inscrever a criança em oficinas e atividades culturais oferecidas no bairro ou no município; aproveitar horários flexíveis, quando possível, para que cada responsável acompanhe a criança em um período do dia; contar com o apoio de familiares ou cuidadores de confiança; montar uma rotina leve, com atividades que a criança possa realizar com autonomia e segurança; e organizar folgas intercaladas, se o trabalho permitir.

O mais importante é garantir que a criança tenha momentos de lazer, descanso e segurança, mesmo quando os pais não podem estar em casa durante todo o período.

Leia a entrevista na íntegra

1789 – 05/01/2026 - Férias com equilibrio