Dia Mundial da Alimentação

 Fotos: Acervo Pastoral da Criança.

O Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro, é uma oportunidade para reflexão sobre como nosso sistema de produção, distribuição, consumo e descarte de alimentos impacta a saúde do planeta e do ser humano, especialmente das mais vulneráveis: as crianças.

No atual contexto de crise climática, desigualdade no acesso aos alimentos, uso pesado de insumos químicos e desperdício, especialistas apontam como urgente a necessidade de repensar o modo como nos alimentamos e como as políticas públicas orientam esse processo.

Para aprofundar esse debate, o Programa Viva a Vida, da Pastoral da Criança, conversou com a nutricionista Ana Maria Thomaz Maya Martins, especialista em saúde no Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do IDEC. Na entrevista, ela explica os desafios e aponta alternativas para que possamos construir uma relação mais equilibrada entre alimentação, saúde e cuidado com o planeta.

Entrevista com Ana Maria Thomaz Maya Martins, nutricionista e mestre em Políticas Públicas de Saúde, especialista em saúde no Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Idec – Instituto de Defesa dos Consumidores.

Ana Maria, o que são sistemas alimentares sustentáveis, tema de que se tem falado muito ultimamente?

Primeiro, é importante dizer que os sistemas alimentares são processos e etapas que envolvem produção, processamento, distribuição, preparo, consumo e descarte dos alimentos. Eles são a base da nossa alimentação e refletem escolhas políticas, econômicas e culturais que impactam como e quais alimentos serão produzidos e chegarão aos nossos pratos, bem como a saúde humana e a do planeta. Hoje há dados que mostram que os sistemas alimentares dominantes, voltados à produção de commodities, são responsáveis por cerca de um terço das emissões de gases de efeito estufa. No Brasil, o quadro é ainda mais preocupante: cerca de 70% dessas emissões estão conectadas à forma como produzimos, distribuímos, preparamos e consumimos alimentos.

Quais são as características de um sistema alimentar sustentável?

Um sistema alimentar sustentável é capaz de garantir o direito humano à alimentação adequada para toda a população, sem comprometer a capacidade de futuras gerações se alimentarem. Deve produzir alimentos de forma ambientalmente responsável, preservando a biodiversidade, os solos e as águas; priorizar cadeias curtas de produção e consumo, reduzindo transporte e intermediários; incentivar a agroecologia, a agricultura familiar e práticas regenerativas; respeitar direitos trabalhistas e os direitos dos povos e comunidades tradicionais; promover dietas mais diversificadas, nutritivas e culturalmente adequadas; e reduzir perdas, desperdícios e a dependência de embalagens descartáveis.

E quais ações nós, cidadãos, podemos adotar para alcançar um sistema alimentar sustentável?

Priorizar alimentos frescos, locais e da estação; valorizar a agricultura familiar e comprar em feiras regionais, fomentando conexão direta entre consumidores e produtores; reduzir a compra e o consumo de produtos alimentícios ultraprocessados; diminuir o desperdício de alimentos por meio de planejamento da dieta e da rotina alimentar; ampliar a variedade de alimentos frescos, especialmente vegetais; engajar-se em processos coletivos de políticas públicas; e rever o consumo de carne, buscando estratégias de redução combinadas ao aumento de alimentos in natura — frutas, hortaliças e outros vegetais —, contribuindo para a transição a um sistema alimentar mais justo, saudável, sustentável e resiliente.

Leia a entrevista na íntegra

1777 - 13/10/2025 - Dia Mundial da Alimetação