Entrevista Legenda: Acervo

O uso e o tráfico de drogas são realidades que atingem comunidades inteiras, rompem laços familiares e ameaçam a vida — inclusive a de quem ainda está por nascer. Por isso, no Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas (26 de junho), a Pastoral da Criança reforça a importância da prevenção desde cedo, com gestantes e crianças pequenas, através da escuta, do acolhimento e da orientação.

Durante as visitas domiciliares, nossos líderes orientam sobre a importância de hábitos saudáveis na gestação, como alimentação equilibrada, acompanhamento no pré-natal e afastamento de substâncias nocivas como álcool, tabaco e outras drogas. Além disso, ações como rodas de conversa, projetos com crianças e atividades comunitárias ajudam a fortalecer os vínculos familiares e criar um ambiente mais seguro. Falar sobre drogas é importante — mas, antes disso, é essencial falar de vida, autoestima e espiritualidade. Falar de vida também é prevenir.

Precisa de ajuda?
Se você ou alguém da sua família está enfrentando dificuldades com o uso de drogas, uma das opções é procurar apoio em uma paróquia ou comunidade católica próxima. É possível conversar com os líderes da comunidade, que podem indicar um grupo da Pastoral da Sobriedade. Se preferir, você pode entrar em contato pelo WhatsApp: (24) 99994-9253.

Além disso, existem outros caminhos de acolhimento e tratamento gratuitos. Os Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-AD), disponíveis pelo SUS, oferecem atendimento profissional e acompanhamento contínuo. Também é possível buscar ajuda em grupos como os Narcóticos Anônimos (NA), que têm reuniões em diversas cidades.

Denise Ferreira de Souza Ribeiro

A Pastoral da Sobriedade é uma ação da Igreja na luta contra as drogas e outras dependências.

ENTREVISTA COM: Denise Ferreira de Souza Ribeiro, Presidente da Federação dos Grupos de Autoajuda da Sobriedade e também Coordenadora Nacional da Pastoral da Sobriedade. 

Quais são os principais fatores que levam as gestantes ao consumo e tráfico de drogas?

DENISE: Os principais fatores estão relacionados a questões emocionais e ao sofrimento intenso que essas mulheres enfrentam — como depressão, culpa, ansiedade excessiva e baixa autoestima. Muitas vezes, a gestação não foi planejada, não há apoio familiar ou social, e falta uma perspectiva de futuro seguro para o bebê. Tudo isso contribui para a ausência de vínculo com a gestação e pode levar ao uso ou envolvimento com drogas.

Quais são os prejuízos para uma criança que cresce em um ambiente onde se consome drogas? E quando é hora de falar sobre as drogas com as crianças?

DENISE: Filhos de dependentes químicos têm risco aumentado de desenvolver transtornos psiquiátricos, além de problemas físicos, emocionais e dificuldades escolares. Entre os transtornos mais comuns estão o consumo precoce de substâncias, alcoolismo, depressão, ansiedade e fobia social. Também são frequentes a baixa autoestima, dificuldades de relacionamento e situações de abuso físico ou sexual.
Quanto ao momento de falar sobre drogas, eu costumo dizer que, antes disso, é fundamental falar sobre respeito, valorização da vida e espiritualidade. A criança precisa saber que é amada pelos pais e por Deus. Trabalhar a autoestima é essencial para que ela se sinta segura e capaz de recusar, no futuro, tudo o que possa ferir sua dignidade, seu bem-estar e seus sonhos. Com essa base, o diálogo sobre drogas pode acontecer de forma mais natural. Vale perguntar o que ela pensa, como se sente diante de situações que possa ter presenciado. O mais importante é que ela veja nos pais uma porta aberta para conversar — assim, se em algum momento da vida surgir algo no convívio com amigos, ela terá confiança para buscar orientação em casa.

Viva a Vida Programa de rádio Viva a Vida 1761 – 23/06/2025 – Dia Internacional sobre o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Que iniciativas comunitárias podem ser realizadas para a prevenção às drogas em relação às gestantes e crianças?

DENISE: Uma iniciativa muito interessante é promover rodas de conversa com gestantes da comunidade. Esses encontros permitem que elas se escutem, compartilhem suas histórias, dores e vitórias. Criar esse espaço de escuta favorece a construção de vínculos e ajuda a identificar gestantes que, muitas vezes, vivem uma gestação silenciosa, sem acesso a apoio ou diálogo. A partir dessas trocas, a própria comunidade pode pensar em formas de acolher e apoiar essas mulheres.
Também é possível desenvolver ações com crianças, por meio da catequese ou de grupos infantis nas comunidades. Projetos que abordem temas como fé, amor de Deus, família, amizade, respeito à natureza e cuidado com o corpo e a mente contribuem muito. Atividades como música, teatro e momentos de espiritualidade geram convivência, bem-estar e fortalecem valores. Às vezes, a melhor forma de prevenir o uso de drogas nem é falar diretamente sobre elas, mas sim falar sobre a vida. Falar de vida é, em si, uma forma de prevenção.

Leia a entrevista na íntegra

1761 – 23/06/2025 – Dia Internacional sobre o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas (.PDF)

Saiba Mais

Drogadição

E-guia: Substâncias perigosas na gestação

E-guia: situações em que a mãe não deve amamentar

Laços de amor: álcool e drogas: Quanto mais longe, melhor! (Cartela 6)

E SDG Icons NoText 03 3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

“Saúde e Bem-Estar”.

Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Meta 3.5: Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o uso indevido de drogas entorpecentes e o uso nocivo do álcool.

16 16º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

“Paz, Justiça e Instituições Eficazes”.

Promover sociedades pacíficas e inclusivas, proporcionar o acesso à justiça e construir instituições eficazes. Meta 16.2: Acabar com o abuso, a exploração, o tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças.

Dra. Zilda

“Quanta violência hoje é gerada por falta do mínimo necessário às famílias! Com fé em Deus e confiança em nosso trabalho, conseguiremos fazer maravilhas em nossa comunidade, para que se torne mais justa e fraterna, a serviço da vida e da esperança”.

Reflexão

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que possais discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, agradável e perfeito.”
(Romanos 12,2)