“A família, fundada e vivificada no amor, é uma comunidade de pessoas. A sua primeira tarefa é a de viver fielmente a realidade da comunhão num constante empenho por fazer crescer uma autêntica comunidade de pessoas” (Familiaris Consortio, 18)
Com esta expressão de São João Paulo II, percebemos ser muito necessário resgatarmos a comunhão familiar a partir do diálogo, amor e carinho entre os membros. E este cuidado deve ser desde os primeiros anos de vida.
Assim, considerando-se que os primeiros mil dias de vida do ser humano são os mais importantes para definirem seu desenvolvimento cerebral e suas condições de saúde ou de doença quando se tornarem adultos, optou-se por incluir o tópico sobre ”telas”, no início dessa etapa, já que cada vez mais pesquisas têm evidenciado que o efeito prejudicial das telas para a saúde da criança já se mostra desde a gestação. Além disso, o uso das telas por crianças em todas as faixas etárias, cresce de forma gigantesca ao mesmo tempo em que a saúde mental sofre danos em fases cada vez mais precoces da vida.
O objetivo desse tema não é transformar as redes sociais ou a tecnologia em vilãs da modernidade, já que os avanços alcançados pelo ser humano com a rapidez de acesso a informações, bens de consumo, e economia de tempo são indiscutíveis. Entretanto, é importante reconhecer que, apesar dos benefícios, desde o início do uso da explosão das redes sociais, neste século em meados dos anos 2000, e além delas, também de desenhos, filmes e jogos online, começamos a sofrer com as consequências do mau uso e entre as piores, com certeza está o prejuízo à saúde mental e emocional tanto de adultos como de crianças, adolescentes e jovens. (tais pesquisas estão descritas na seção “aprenda mais” desta etapa).
Além disso é importante lembrar que o abuso de telas ou redes sociais durante a gestação é um fator agravante para que as mulheres adotem comportamentos sedentários, alimentação de má qualidade, sofram alterações no padrão de sono e tenham maiores chances de desenvolver ansiedade ou depressão, o que pode afetar de forma negativa a sua saúde e do bebê. Sem contar que o uso que os pais fazem das telas se refletirá no uso que seus filhos farão futuramente.
Enfim, a gravidez é um momento especial em que a futura mamãe deve ter momentos de relaxamento nos quais pode conversar com o bebê, acariciar sua barriga, planejar sua rotina, organizar os espaços da casa para a chegada do bebê e começar a “desapegar” das redes sociais, já que a formação de vínculo, a adoção de hábitos saudáveis e a gestão do seu tempo anteriores ao nascimento farão toda diferença quando ele chegar.
Telas e crianças
Pensando em dar aos pais uma orientação quanto ao tempo de uso de telas pelas crianças, a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da Saúde fazem as recomendações detalhadas.
Líder, conheça a tabela com as recomendações dos especialistas sobre o tempo de tela mais seguro para crianças a fim de que possam orientar as famílias da forma correta e com segurança:
Orientação de uso de telas por idade |
|
0 a 2 anos |
Não usar, exceto para contato com familiares por videochamada |
2 a 5 anos |
No máximo uma hora por dia (com supervisão de conteúdo) |
6 a 10 anos |
1-2 horas por dia (com supervisão de conteúdo) |
11 a 18 anos |
Não mais que 2-3 horas por dia (com supervisão de conteúdo) Recomenda-se que crianças menores de 12 anos não tenham celular próprio |
- Esses períodos devem SEMPRE ser acompanhados por um adulto e essas horas divididas em frações de 20 minutos em média
Dra. Evelyn Eisenstein, coordenadora do grupo de trabalho sobre saúde na era digital da Sociedade Brasileira de Pediatria destaca que “quanto menos tempo de tela melhor“. Sendo que também há 2 pontos fundamentais a serem observados com relação ao uso de telas pelas crianças além do tempo de permanência: o uso somente em conjunto com um adulto e a seleção da qualidade do conteúdo acessado. Na maioria das vezes esses dois últimos acabam sendo ignorados pelos pais.
Atualmente os maiores especialistas na área de neurodesenvolvimento infantil destacam que o acesso às telas em idades precoces não traz benefício ao desenvolvimento cerebral infantil, muito pelo contrário (incluindo os conteúdos ditos “educativos” como desenhos, filmes e músicas infantis). Até os 6 anos, que é o período de maior desenvolvimento cerebral, o melhor estímulo que as crianças recebem provém do próprio ambiente, através das interações com seus pais, com outras crianças, do afeto, dos diálogos, das brincadeiras e da leitura compartilhada com um adulto.
Além disso o excesso de tempo dedicado às telas tem piorado os índices de saúde tanto de crianças como de adolescentes e jovens, evidenciados pelo aumento de: atrasos de linguagem/coordenação motora, alterações visuais/posturais, sedentarismo, obesidade, depressão, ansiedade, irritabilidade, transtornos alimentares (bulimia e anorexia), alterações do sono e dificuldades de interação social.
O Governo Federal lançou um guia para uso saudável de telas por crianças e adolescentes, em que apresenta as seguintes recomendações: Zero tempo de telas para crianças com menos de 2 anos, a menos que seja para contato com familiares por videochamada; orientações para que crianças com menos de 12 anos não tenham celular próprio; ao acessar as redes sociais, que seja sempre seguido a classificação indicativa; que seja estimulado o uso de dispositivos digitais por crianças/adolescentes com deficiência, independente da idade, oportunizando a acessibilidade, dentre outras recomendações.
Clique aqui e saiba mais sobre o Guia para o uso saudável das telas
A Pastoral da Criança reforça muito essas orientações nas Visitas Domiciliares e Celebrações da Vida, através dos líderes e dos brinquedistas e brincadores na ação de Brinquedos e Brincadeiras por meio de interações e atividades reais da criança, em família e comunidade. Na Pastoral da Criança destacamos que quanto menor o tempo de permanência em comportamento sedentário, melhor será para ela. A substituição do comportamento sedentário e restrito em frente às telas, por interações com a família e comunidade e atividades físicas como o brincar necessitam ser estimuladas. Líder, acesse e conheça o e-Brinquedos e Brincadeiras, assim terá diversas dicas de interações e brincadeiras para compartilhar com as famílias para substituir o uso das telas por hábitos saudáveis. Além disso, é essencial que durante as refeições as crianças estejam focadas na comida, sem a interferência de telas (tv, celulares, tablets, entre outros). Isso ajuda na identificação dos sinais de fome e saciedade e promove a interação e fortalecimento de vínculos, importantes nas refeições em família. Sem distrações, elas tendem a fazer escolhas alimentares mais saudáveis e a evitar o consumo excessivo, já que a atenção se volta para a comida. Criar um ambiente tranquilo e livre de telas também é fundamental para uma rotina alimentar saudável a longo prazo. |
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